Especialista em criptomoedas, Felippe Percigo fala do papel delas na economia atual
Siga as dicas do especialista em criptomoedas Felippe Percigo para proteger seus investimentos em tempos de crise.
Em um cenário de incerteza política, instabilidade, guerra e crise monetária a nível global, as moedas digitais, também chamadas criptomoedas, se apresentam como uma forma de investimento e conquista da liberdade financeira.
Neste contexto, Felippe Percigo, investidor, professor de MBA e especialista em criptomoedas e blockchain, prevê uma maior adoção das moedas digitais. “Independente dos embargos ou limitações provocados pela guerra, como no caso da Ucrânia e da Rússia, as criptomoedas podem ser transacionadas mesmo em meio ao caos, livremente, também oferecendo a possibilidade de guardar dinheiro em contas onde as transações são mais fáceis neste cenário. Além disso, as moedas digitais ainda promovem o acesso ao dólar, euro, e ativos de proteção como o ouro por meio das stablecoins – criptomoedas estáveis com lastro. Alguns exemplos são USDT, USDC, EURS e PAXG”, afirma.
Ponto de atenção
Segundo Percigo, o fato de Ucrânia e Rússia serem países com umas das maiores adoções de criptomoedas pela população também chama atenção e deve ser levado em consideração. “Isto serve como estudo de caso sobre o comportamento das criptomoedas e sua adoção em um cenário de crise total. Na minha opinião, esse tipo de situação catastrófica, de crise humanitária e económica, acaba por impulsionar a adoção de criptomoeda, seja pela população, para se proteger da instabilidade econômica em tempos de guerra, seja pelos oligarcas, empresas, e até mesmo o próprio governo, como drible nas sanções e embargos que serão feitos pelas grandes potências mundiais, detentoras dos mecanismos internacionais de operações bancárias e financeiras”, comentou.
O especialista também ressalta que em momentos de crise, a tendência dos investidores é migrar para ativos com menor risco, buscando uma segurança para seu dinheiro. “Isso explica, em parte, porque o petróleo, o ouro e os retornos dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano, superaram o bitcoin (BTC) em fevereiro deste ano. Enquanto o petróleo atingiu as máximas de oito anos, batendo os US$ 100 o barril do Brent, o ouro chegou aos US$ 1.970, patamar que não era visto desde julho do ano passado. Em contrapartida, nesse mesmo intervalo de tempo, o bitcoin registrou uma valorização de 226%, vencendo a inflação dos EUA (8,74% no período) e a brasileira (11,84%). Para os curiosos de plantão, o CDI nesse mesmo período saiu de 1,90% em agosto para os atuais 10,65%”.
O que fazer agora?
Com a incerteza adiante, o mercado permanece na defensiva, não apenas com o futuro da guerra entre Rússia e Ucrânia, como também de olho no avanço dos juros pelo Federal Reserve, o Banco Central americano.
Contudo, Felippe Percigo acredita que o impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia no mercado de criptoativos deve ser relativamente baixo, justamente devido a seu caráter descentralizado e digital. “No curto prazo, pode haver proteção e caixa para uma eventual crise de liquidez, que impactará de forma muito significativa o preço; contudo, no longo prazo, os eventuais gargalos gerados durante a crise tendem a não ser relevantes para o mercado”, conclui.