O artista paulistano, Fábio Nunez, denuncia o abandono do Teatro Nelson Rodrigues, situado no CEU Alvarenga, e pede providências urgentes

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Morador da região e ciente da relevância do espaço para a comunidade, Nunez tem buscado maneiras de chamar a atenção para a importância da revitalização do local
Um artista multifacetado que atua nas artes em geral _ música, cinema, pintura _ que escreve, leciona e empreende: assim é o paulista Fábio Nunez. Criador do “Coletivo Arte Falante” ele está sempre buscando caminhos para viabilizar a arte produzida pelos artistas periféricos que, como ele, encontram muitos entraves para fazer isto. “Devido às tantas dificuldades que enfrentamos para conseguir recursos, desde os entraves nas questões de documentação, como acesso às plataformas e editais, resolvi criar o ‘Coletivo Arte Falante – Arte como Manifesto’ que leva o mesmo nome da minha marca de camisetas e na qual desenho estampas exclusivas de artistas brasileiros da MPB e da literatura”, destaca. Esta busca pela valorização da arte brasileira impulsiona o trabalho de Nunez desde sempre. Ao criar o Coletivo, por exemplo, ele conta que buscou artistas de sua região, a zona sul paulistana, como forma de resgatar e fortalecer o trabalho de cada um. “De forma natural vieram os novos artistas, pois na periferia temos uma profusão de talentos e se as produtoras locais e os órgãos de cultura ignoram, decidi criar o coletivo para que essa voz chegue mais forte e atenda os nossos anseios”, ressalta.
Segundo Nunez, a primeira pauta que surgiu no Coletivo foi que seria preciso buscar uma aproximação com o espaço cultural mais significativo da região de Pedreira e Cidade Ademar: o CEU Alvarenga. “Este é o espaço que deveria ser a casa cultural da nossa comunidade tão carente de lazer, educação e segurança para não dizer de tudo”, afirma. Foi partindo desse desejo que Nunez pensou em sugerir para a equipe que gerencia o espaço, uma agenda para ensaios não só musicais, como também para outras atividades entre outras. Ele relembra: “Eu já tive, nos tempos de ouro do Teatro Nelson Rodrigues, o prazer de utilizar o espaço para ensaios com a minha banda, de participar de inúmeros saraus e o privilégio de abrir shows de artistas como Toquinho e Luiz Melodia. Parte do meu crescimento como artista se deve a este local pelo qual tenho um imenso carinho”, salienta. Portanto, consciente da importância do espaço, Nunez conta que marcou uma reunião com a atual equipe gestora para propor a reutilização do teatro Nelson Rodrigues com os fins já citados, mas teve uma péssima, como destaca: “Foi quando me falaram da impossibilidade de uso do espaço devido à precariedade em que se encontra. O Teatro Nelson Rodrigues situado no CEU Alvarenga está interditado. Me convidaram para entrar no local e ver com os meus próprios olhos e pude confirmar isto com lágrimas nos olhos”, observa. O artista cita, então, os vários problemas estruturais do teatro que acometem desde o próprio palco, passa pelo ar condicionado, entre inúmeras outras precariedades. “Um engenheiro esteve no local e o interditou. Inclusive, os estofados de todas as cadeiras estão encardidos e carecem urgentemente de uma rigorosa higienização. Também não há mais equipamento de som e luz, possivelmente boa parte foi furtada, muitos quebraram por mau uso e outros sequer passaram por manutenção. Tudo isto é lamentável”, diz indignado.
Mas sua indignação é ainda maior, pois, segundo ele, a Secretaria Municipal de Educação, consciente ou não de tais problemas, “para manter o pleno funcionamento de sua grade de programação cultural e mostrar o “trabalho político” tem encaminhado espetáculos para um espaço que não tem a mínima condição de recebê-los. E aí a gestão se vira como pode, promove a atração de forma inusitada e locomove os artistas para a quadra de esportes. Imagine: teatro em uma quadra de esportes !? E assim segue o jogo do “deixa que eu deixo e todos deixam pra lá”, argumenta.
Fábio Nunez também observa que além da reunião citada no CEU Alvarenga, ele já conversou com equipes da subprefeitura, esteve na Câmara dos Vereadores, sempre falando sobre esta questão, pois, segundo ele, “outros teatros como o dos CEUs Rubi, Dutra, Navegantes e Três Lagos estão funcionando”.
Por fim, Fábio Nunez, ressalta: “O Coletivo Arte Falante está fazendo um abaixo assinado com artistas, professores, alunos e moradores da comunidade e o encaminharemos para a DRE (Diretoria Regional de Ensino) de Santo Amaro para que este problema chegue na SME (Secretaria Municipal de Educação) e também ao Secretário de Educação. Verba tem, o que queremos saber é se o atual gestor pode movimentar essa verba para a manutenção do teatro” destaca. “Outra ação paralela são vídeos que estão sendo gravados onde cada pessoa, artista, professor, morador etc., ciente dessa causa, manifesta sua indignação, fala da sua vivência dentro deste espaço e reivindica uma solução pragmática para resolver o problema do abandono em que se encontra o Teatro Nelson Rodrigues”, finaliza.

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